A chuva e as nuvens têm tingido de cinzento o céu, mas não é por isso que o sol deixou de brilhar. O sol já não aquece o largo porque o AR-tur desapareceu.
A última vez que esteve aqui na praça o AR-tur teve uma visita.
Apareceu uma jovem.
Não era a mais bela mulher à face da terra, mas o seu rosto miudo emoldurado por uma cascata de brilhantes caracóis chamaram a minha atenção.
Vi quando a jovem apareceu, perto da hora em que os miudos começam a sair para o recreio da escola. Parou junto dos táxis e ali ficou durante alguns momentos a observar o AR-tur.
Durante esse período, ele permaneceu imóvel. Nem um piscar de olhos ou um tremor. Nada. O AR-tur era um verdadeiro Homem Estátua.
Enquanto isso, o olhar da jovem parecia triste.
Pareceu-me que hesitava em se aproximar do AR-tur. Mas ao fim de alguns minutos dirigiu-se para a minha árvore e ficou frente-a-frente com o meu amigo.
Não sei dizer se o AR-tur já tinha reparado nela anteriormente, mas posso afirmar que só naquele momento em que o seus olhos se cruzaram é que ele se moveu.
O AR-tur estava visivelmente nervoso.
Desceu do banco onde se encontrava e abraçou ternamente a jovem.
Depois disso, afastaram-se um pouco e vi que trocavam algumas palavras. Do cimo da minha árvore não consegui entender o que diziam, mas pareciam-me ambos bastante emocionados.
Nunca antes o AR-tur tinha recebido visitas ali no largo. Ninguém lhe conhecia outros amigos.
Por isso era tão intrigante o aparecimento repentino daquela jovem mulher.
No entanto, embora curioso, não consegui saber quem era.
Quando me preparava para descer da árvore e aproximar-me de ambos, o AR-tur pegou nas sua mala e afastou-se com a jovem. Vi quando ambos se dirigiram para o outro extremo do largo e começaram a subir a rua onde o AR-tur morava.
Foi a ultima vez que o vi por aqui.
Desde então já lá vão duas semanas, e o meu amigo nunca mais apareceu. Os dias aqui no largo ficaram mais tristes.
Passados alguns dias fiquei a saber que aquela jovem era irmã do AR-tur. Ouvi quando a D. Joana da mercearia falava com uma das suas freguesas. Ela disse que a irmã do AR-tur o tinha vindo buscar porque o pai de ambos se encontrava muito doente. Segundo ela, o AR-tur tinha partido de vez.
O meu companheiro tinha partido?
Naquela hora pensei que a D. Joana estava enganada, mas até hoje não voltei a saber do AR-tur.
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Este espaço surgiu, inicialmente, para vos contar as histórias do AR-tur.
Mas não só...
O desaparecimento do AR-tur não vai ditar o desaparecimento deste espaço.
Por aqui irei continuar.
Neste espaço continuarei a dar conhecimento dos meus pensamentos, bem como de tudo aquilo que observo do cimo da minha árvore.
Entretanto, procurarei saber por onde anda o AR-tur.
Alguém saberá dar-me noticias do meu amigo?
Saudações felinas a todos.
Miaaauuuuuuuu!!!
Saudações felinas a todos.
Miaaauuuuuuuu!!!